domingo, 27 de maio de 2007

Pentecostes: renovação pessoal e transformação do mundo

Hoje, festa de Pentecostes, a Igreja celebra o envio do Espírito Santo sobre os apóstolos, testemunhas da Ressurreição de Cristo, reunidos no Cenáculo com Maria (cfr. Atos dos Apóstolos, capítulo 2). O efeito imediato desta vinda do Espírito é uma intrepidez, uma ousadia (designada no Novo Testamento com a palavra grega parresia) que impulsiona aqueles homens ao anúncio da Boa Notícia: "Jesus que foi entregue à morte, no horrendo suplício da cruz, ressuscitou dentre os mortos e disto nós somos testemunhas. Deus mesmo testemunha que Ele é Senhor e Cristo" (cfr. At 2, 36).


Em outras palavras, Pentecostes produz no discípulo de Cristo que viveu verdadeiramente esta efusão um fogo interior, um desejo ardente de dizer à toda Humanidade: a morte não é a última palavra! O mal não saiu vencedor! O Espírito da Verdade nos permite contemplar a realidade com novos olhos e nos enche de coragem para transformar o mundo, mesmo se somos poucos, mesmo se as condições parecem tão adversas.


É interessante observar que em Pentecostes, se inicia uma nova criação, uma verdadeira revolução na vida do mundo, com o surgimento da Igreja e o início da obra evangelizadora. Com este evento, parece-nos claro que a transformação do mundo começa com a obra de Deus na vida de cada um. A abertura pessoal à graça produz não só a minha conversão pessoal, mas implica uma onda de graça que pode chegar "até os confins da terra".


A transformação do mundo requer um sadio equilíbrio que parte de cada um de nós. Devemos estar atentos, a não nos deixar conduzir por um espiritualismo intimista, onde espera-se que tudo esteja em ordem primeiramente em mim e ao meu redor para depois ir ao encontro do outro. Tampouco, não podemos riscar abraçar de modo desequilibrado um ativismo social, que perde de vista a verdade sobre o homem (humanismo distorcido), pela ausência de uma visão a partir do seu Criador.


Assim, cada fiel é chamado a contribuir «do interior, à maneira de fermento, para a santificação do mundo, através do cumprimento do próprio dever, guiados pelo espírito evangélico, e a manifestarem Cristo aos outros antes de mais com o testemunho da vida» (Lumen Gentium, 31 - Conc. Vaticano II).


Sobre o assunto convém aprofundar com os Documentos do Concílio Vaticano II (sobretudo Lumen Gentium e Gaudium et Spes), além do Compêndio da Doutrina Social da Igreja.

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